O entendimento da história clínica ajuda a identificar os possíveis alimentos envolvidos e o tipo de reação. Como alguns dos sintomas são um tanto inespecíficos, é importante que o médico avalie se essas manifestações são normais, como a cólica do recém-nascido ou o refluxo fisiológico, ou se são tão intensas e/ou persistentes que justificam investigação.
Através da história também é possível identificar se a causa do sintoma é mesmo alimentar (já que alergia também pode ser ambiental ou medicamentosa), ou se as manifestações estão associadas a outras condições.
A partir da história clínica, é possível identificar o mecanismo provável da alergia e direcionar a solicitação de exames complementares, quando necessários.
A determinação da IgE específica auxilia apenas na identificação das alergias IgE mediadas (aquelas que têm reações imediatas). Para tal, pode-se realizar testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (prick test ou prick to prick) e de IgE específica no sangue. A detecção de IgE específica é avaliada como indicativo de sensibilização ao alimento e, na prática, os resultados positivos só justificam a retirada do alimento da dieta se houver sintomas. Nos casos das alergias não mediada por IgE, tais exames não contribuem para o diagnóstico.
Os exames de fezes têm pouco valor no diagnóstico da alergia alimentar, mas a pesquisa de hemoglobina nas fezes pode auxiliar a identificar se há perda de sangue.
Os exames de sangue que avaliam o hemograma e as reservas de ferro podem auxiliar a detectar possíveis complicações da alergia alimentar, relacionadas ao processo inflamatório do intestino.
A endoscopia e a colonoscopia podem ser solicitadas por gastroenterologistas para o diagnóstico diferencial de alergia alimentar em alguns pacientes.
Não há evidência científica que respalde a utilização de exames de mensuração de Imunoglobulina G (IgG) para diagnóstico de alergia alimentar.
Com uma história clínica convincente, segue-se para a etapa da dieta com a retirada do alimento ao qual suspeita-se da alergia.
Esse período de dieta para avaliação diagnóstica pode variar, mas, em cerca de 4 semanas, espera-se a remissão dos sintomas.
Se os sintomas não passarem, é preciso investigar se a dieta foi feita corretamente, se há alergia a outro alimento, ou ainda, se não é a alergia a causa dos sintomas.
A alergia alimentar mais comum em crianças é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Em bebês menores de 6 meses com alergia ao leite não mediada por IgE, há uma alta prevalência de alergia concomitante à soja, o que justifica a retirada da soja, de forma preventiva, nesses casos específicos.
Na APLV, se o bebê amamentado reage ao leite de vaca via leite materno, é a mãe quem deve seguir a dieta de eliminação de leite, de seus derivados o dos alimentos que os contenham. Se o bebê recebe fórmula infantil, deve trocar para uma fórmula especial. A depender de cada caso, são alternativas as fórmulas com proteínas extensamente hidrolisadas, as fórmulas à base de aminoácidos livres e as fórmulas à base de soja. É importante consultar um médico para saber qual a fórmula infantil mais adequada para o bebê.
Os leites sem lactose (mas que preservam a proteína do leite de vaca) e os leites de outros mamíferos (cabra, ovelha, búfala) não podem ser utilizados se há suspeita de APLV.
O teste de provocação oral (TPO) é o método mais fiel para determinar o diagnóstico da alergia alimentar.
No TPO, o paciente recebe o alimento ao qual suspeita-se de alergia, e, se houver reação após a reintrodução do alimento, a alergia é confirmada. O TPO é realizado sob orientação e supervisão médica. Reações não mediadas por IgE e mistas são tardias e pode não haver nenhum sintoma no momento do teste. Nesse caso, mantem-se o consumo do alimento testado em casa. Se houver reação em até 30 dias após o término do teste, confirma-se o diagnóstico. Sem sintomas, o teste é considerado negativo.